quinta-feira, 9 de abril de 2015

Crítica – Death Parade



Tendo sua estreia na temporada passada de inverno e dando representatividade aos seinens, Death Parade é o tipo de anime que nos intriga e provoca do início ao fim.
O anime começa nos dando a ambientação de um bar, onde um casal aparece sem saber exatamente o porquê ou como chegou lá, sem se lembrar nem mesmo o que fazia antes de estar no local. Sem encontrar uma saída, o casal é convencido pelo barman, chamado Decim (única pessoa no bar além deles) a jogar um jogo apostando suas vidas. O que acontece com quem perde? E com quem ganha? Nada disso é dito até certo ponto deste primeiro episódio, que acaba por desenvolver sua trama em torno das atitudes e reações do homem e da mulher enquanto jogam. Um desfecho surpreendente e a descoberta do real papel do apático barman deixam tudo mais intrigante, dando o impulso inicial necessário para que continuemos a querer entender o que é tudo aquilo que acabamos de assistir.

Obs: não pretendo revelar mais detalhes do que acontece no anime além disso por motivos de spoilers. :v

Um ponto muito positivo no staff do anime é o fato do criador, do diretor e o roteirista serem a mesma pessoa!
Yuzuru Tachikawa, soube exercer os três papéis de maneira fenomenal. O roteiro segue um bom fluxo, não é do tipo que nos faz ter muita empatia pelos personagens mas do tipo que nos faz refletir sobre suas escolhas e características. O psicológico do expectador é testado a interpretar/suportar diversas situações; tratando de assuntos pesados como violência doméstica, suicídio e abuso sexual.
O roteiro dos episódios se alterna de maneira equilibrada entre mostrar as diversas pessoas que vão ao bar Queendecim, explicar o porquê deste lugar existir e nos dar uma noção da história por trás de alguns personagens. Por essa variação de foco nos episódios (pelo menos até o sexto), o anime não parece ter uma plot definida, mas isso não influencia na continuidade da estória quando nos é apresentada a trama principal – mesmo que esta siga em segundo plano até o penúltimo episódio do anime. Os acontecimentos foram apresentados numa ordem que poderia dar muito errado se não fosse pela cautelosa e equilibrada direção do Tachikawa-san, que nos permite ir e voltar no tempo de cada capítulo sem nos deixar confusos e ainda com boa exploração dos temas abordados. Vale também dar destaque aos episódios 8 e 9 que, sem dúvidas, foram o ponto mais alto em todo o desenho em todos os aspectos.

A arte do anime também merece ser elogiada tanto em design de personagens/ambientes, quanto no tipo de traço escolhido. A expressividade, o jogo de luzes e filtros escuros nos deixam muito mais sensíveis aos acontecimentos ao longo dos episódios, o que foi complementar à intenção citada anteriormente de fazer o psicológico expectador reagir as ações dos personagens. A preocupação com os detalhes também é algo que foi muito bem aproveitado não apenas na função estética, mas também na simbologia funcional à trama.


A trilha sonora faz da ambientação situacional perfeita. A imersão de quem assiste é praticamente completa graças a isto. Sem contar que o tema de abertura, Flyers (BRADIO), se torna um excelente alívio cômico para o anime [ainda mais para aqueles que, assim como eu, viram quase todos os episódios em sequência, haha]. O encerramento também foi muito preciso, a música FULLi (NoisyCell), encaixou-se perfeitamente tanto quando as cenas finais eram padrão quanto eram cenas dos personagens envolvidos no episódio, uma melodia muito forte e compatível com o contexto do anime.

De tudo mostrado pelo anime, o único “defeito” digamos, é o fato dele terminar com muitas pontas soltas - algumas questões sem respostas, relacionadas principalmente à importância de alguns personagens e a origem do prédio onde se encontra o bar. Digo com aspas pelo motivo de que, mesmo curiosa por algumas respostas, o anime não prometeu responder tais questões mas sim mostrar debates e resolver a plot principal. Da forma como foi encerrado, o anime dá e não dá ao mesmo tempo margem para uma segunda temporada. Os acontecimentos finais ditam uma mudança muito grande no personagem Decim, o que poderia ser aproveitado de maneira fenomenal numa continuação. Mesmo assim, o final pôde ser satisfatório no sentido de que ele conclui um (primeiro?) ciclo de reflexões sobre caráter, humanidade e os conceitos de bom e mal, que acabam por ser o real propósito de toda a produção, creio.

Death Parade faz jus ao gênero seinen, traz suas discussões sobre certo e errado, justo e injusto e sobre como a mente humana lida com seus próprios limites. Personagens interessantíssimos, animação fluida e bonita mesmo que tratasse de temas pesados. A produtora Madhouse vem trazendo animes com um padrão muito bom, e este sem dúvidas foi um dos melhores da temporada de inverno 2014/2015 (se não foi O melhor mesmo na minha opinião).

Nota: 9,5/10


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