terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Crítica - Scream Queens


Ryan Murphy resolveu apostar novamente no terror, só que dessa vez naquele terror/comédia. Ao lado de Brad Falchuk com quem trabalha em American Horror Story e agora se juntou também com Ian Brennan com quem trabalhou em Glee. Imaginem esse trio, pois é referências no roteiro a seus personagens de outras séries foi o que não faltou na série com mais hype da fall season.
Scream Queens teve inspiração direta de produções audiovisuais já conhecidas pela mídia como Mean Girls, Buffy the Vampire Slayer, Halloween, Scream, Friday the 13th, e Suspiria. O seriado é uma visão moderna para o formato clássico de suspense em que se tenta descobrir quem é o assassino, no qual todo personagem tem algum motivo para matar, ao mesmo tempo em que pode se tornar a próxima vítima encharcada de sangue.
A Universidade Wallace é abalada por uma série de assassinatos. A Kappa House, a fraternidade mais cobiçada do campus, é governada com mão de ferro (e luva cor-de-rosa) por sua Rainha “Bitch” Chanel Oberlin (Emma Roberts). Quando a ex-Kappa Reitoria Munsch (Jamie Lee Curtis) decreta que todos os alunos do campus podem se inscrever para participar da fraternidade, a universidade vira um inferno, como um assassino vestido de diabo causando estragos, fazendo uma vítima a cada episódio. Destaque para a atriz Jamie Lee Curtis, que segundo o próprio Murphy ‘sem ela a série não seria possível’. A atriz também é fã assumida de filmes de terror assim como Murphy e Brad e topou fazer o papel pois a dupla estava bastante interessada e trabalhar com ela.
A direção da série é destoante, tem um começo aterrador dando nuances dos males que o Red Devil pode causar, mas a verdade é que Scream Queens surpreende na direção, quando vai construir certas cenas. Alongando o plano interno, procurando trabalhar sempre mais o interno do que o externo. No entanto, as gravações externas não deixaram a desejar por conta da equipe de produção e figurino da série que estão de deixar o queixo caído.
Apesar da direção ser um primor em muitos aspectos também foi seu revés, em instâncias de desenvolver seus personagens ela acaba por desfrutar de cenas que acabam muita das vezes não interligando com a PLOT, muito menos colaborando para o avanço no roteiro. Ainda sobre a questão técnica a trilha sonora é um espetáculo à parte, a canção de abertura ‘You Belong to Me’ foi co-escrita pela produtora executiva Alexis Woodall e a artista Heather Heywood, na qual canta. E pelo compositor Mac Quayle, que já trabalhou em séries como Mr. Robot, The Knick e Cold Case.
Ao apelar para o alto uso de sangue em suas cenas de matança, os efeitos em muitos momentos não convencem muito. O que vale como ponto negativo além de alguns momentos da direção. Não obstante, o suspense fica muito aquém de atrair alguma curiosidade sobre determinados pontos.
Agora quando se fala em atuações Scream Queens trouxe nomes de peso para compor seu elenco. Começando por Emma Roberts, que já esteve em Scream 4 (último filme da franquia antes do falecimento de seu criador, Wes Craven). A todo momento Roberts consegue roubar a cena com seu jeito de controlador, líder das Kappas, Chanel Oberlin. De certo é possível acompanhar um desenvolvimento de personagem maior por parte dela em relação ao elenco como um todo. Pois ela chega ao fundo do poço, sofre altos e baixos ao longo dos 13 episódios. Já Skyler Samuels que faz Grace a mocinha, mas que corre atrás do perigo até que funciona na série, com sua expressão assustada ela consegue passar aflição de ser perseguida por um assassino serial. E Lea Michele, vindo diretamente de Glee, agora na pele de Hester começa imersa numa personagem prejudicada e aparentemente sem futuro, mas ao longo dos episódios ela deixa uma trilha a ser seguida, algo bem interessante de se acompanhar.
Ainda sobre as atuações como já havia citado, o seriado não teria acontecido sem Jamie Lee Circus, então não há necessidade de dizer o quão importante foi a diretora Dean Cathy Munsch. Ela começa apenas como uma interesseira e invejosa, mas existe uma cena em particular que ela se revela como uma grande sacada no roteiro. Uma personagem que passou determinação e cativou mais os fãs nos episódios finais. E ainda serviu para fomentar críticas sociais, abordando o feminismo.



No elenco masculino Diego Batista que faz Pete o jovem jornalista, que se torna algo importante para o componente principal da série. Os fãs brasileiros devem lembrar dele na novela Rebelde, e os mais viciados em séries da participação dele em Pretty Little Liars. E Glenn Powell com sua cara séria, volta a atuar onde mais tem espaço para se soltar, na comédia. Faz o playboy Chad Radwell com um humor bem escrachado, que chega a ser estranho. E claro Nick Jonas interpretando Boone, trabalhado de forma bem novelesca no seriado, que no fim acabou cumprindo bem seu papel. Sendo esses dois últimos mais estabelecidos a servir como crítica a juventude americana fútil.
A questão é que Scream Queens em meio a esse terror moderno e a comédia, não é feita para os fãs hardcore de terror em si. Pois a série não tem pretensão de assustar, ela pula de um clichê a outro sem problemas. Acredito ser um novo formato que serve apenas para um nicho e pode não agradar em nada o fã de terror tradicional. No fim das contas é um seriado que tem um começo relativamente bom, possui uma recaída ao longo, mas se mantém bem e surpreende com seu final diferenciado, pois consegue fugir do clichê habitual. Por ter sustentado bem sua audiência, portanto, as possibilidades de renovação para uma segunda temporada são altas.


Nota: 7,5
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